Inserido em 01/11/2019
A bebida que agrada até mesmo aos paladares mais exigentes.
Personagem que invariavelmente marca presença em festas de Ano Novo e em celebrações para lá de especiais, como casamentos e formaturas, o espumante também vem conquistando seu lugar na mesa dos brasileiros. E não é para menos! Com seu sabor suave e seus aromas intensos.
Entre os espumantes mais consumidos nas terras tupiniquins está o Moscatel, produzido por meio do Método Asti, um processo de fermentação diferenciado. É essa técnica a responsável por fornecer à bebida suas características mais marcantes.
Não sabe muito bem o que significam esses termos e quer entender mais sobre o espumante Moscatel e sobre o Método Asti? Então continue a leitura deste post e fique por dentro!
Definição e principais características
Moscatel nada mais é do que a designação dada a uma família específica de uvas, chamadas originalmente de Moscato. As frutas dessa casta podem ter cascas brancas, tintas ou rosadas, originando diferentes tipos de vinho. Entretanto, convencionou-se chamar "espumante Moscatel" todos aqueles produzidos com a uva Moscato branca e utilizando o Método Asti de fermentação.
Em função das particularidades do processo, que detalharemos nos próximos tópicos, todos os rótulos elaborados dessa maneira têm como características o baixo nível de teor alcoólico (entre 6% e 10%), o frescor, o pronunciado sabor adocicado e a grande intensidade de aromas florais e frutados.
As origens do espumante Moscatel
O espumante Moscatel elaborado pelo Método Asti surgiu na região de Piemonte, na Itália, de maneira rudimentar, em meados do século XVI. Conta-se que o joalheiro Giovan Battista Croce foi o pioneiro, ao produzir vinhos brancos doces, aromáticos e de baixo teor alcoólico em suas terras. Logo a bebida se tornou famosa e ficou conhecida como Moscato d'Asti, em referência à comuna de Asti, onde os vinhos eram fabricados.
Ao longo do tempo, os processos de produção foram sendo aprimorados e, em 1865, o francês Carlo Gancia incorporou técnicas de espumantização ao vinho Moscato branco, dando origem ao espumante Moscato.
No Brasil, o primeiro espumante Moscatel foi produzido somente em 1978, na Serra Gaúcha. Hoje em dia, a bebida é fabricada por diversas vinícolas brasileiras, já que a uva Moscatel branca é produzida em larga escala por aqui.
Entretanto, é sempre bom lembrar que a denominação Asti é de origem controlada. Ou seja, somente os espumantes fabricados em Piemonte podem trazer essa informação em seus rótulos. As bebidas elaboradas com as mesmas características, mas em outros países, recebem a denominação "Espumante Moscatel" ou "Espumante Moscatel elaborado pelo Método Asti".
Como funciona o Método Asti
Mas afinal, o que é e como funciona esse método? Se você acompanhou a leitura deste post até aqui provavelmente está se perguntando isso, não é mesmo? Porém, para que essa questão possa ser esclarecida, é importante lembrar que os espumantes podem ser fabricados por 3 diferentes processos:
Método Champenoise
Como o próprio nome sugere, o Método Champenoise é o mais tradicional e pioneiro, utilizado para a produção dos famosos champagnes franceses. Durante esse processo, o vinho passa por duas fermentações, sendo a segunda realizada dentro da própria garrafa.
Por ser bastante demorado e quase artesanal, os rótulos elaborados dessa maneira apresentam grande intensidade aromática, estrutura e perlage (bolhas) mais delicada. É o caso dos champagnes e das cavas.
Método Charmat
O Método Charmat surgiu como uma modernização do tradicional Champenoise. Aqui, o vinho também passa por duas fermentações. Porém, a segunda ocorre dentro de um tanque de aço inoxidável (chamado autoclave) hermeticamente fechado, para que o gás carbônico característico do espumante não se dissipe.
O Método Charmat é utilizado na elaboração de espumantes complexos eestruturados, como Proseccos e Moscatéis Brut, Extra-brut, Seco e Demi-Sec.
Método Asti
Por fim, o Método Asti surge como uma variação do Método Charmat, pois o processo fermentativo também ocorre dentro de autoclaves. A grande diferença é que os espumantes com essa metodologia passam por apenas uma etapa de fermentação.
Funciona assim: o suco de uvas Moscatel é armazenado dentro das cubas junto às leveduras responsáveis pelo processo fermentativo. Quando a bebida atinge teor alcoólico entre 6% e 10% (esse percentual dependerá da escolha da vinícola e do enólogo), a fermentação é interrompida por choque térmico, resfriando-se o espumante rapidamente a temperaturas entre 0 e -3ºC. A bebida será então filtrada e engarrafada, e já está pronta para ser comercializada e consumida.
Como o processo fermentativo nada mais é do que a transformação do açúcar contido no mosto em álcool por meio da ação de leveduras, fica fácil entender o porquê de o espumante Moscatel ser mais doce e menos alcoólico do que os produzidos pelos métodos que utilizam dupla fermentação.
Por ser interrompida já na primeira etapa, a quantidade de açúcar que ainda não foi convertido em álcool é alta. Consequentemente, o teor alcoólico presente noespumante tampouco está muito elevado. Pelo mesmo motivo, os aromas frutadostambém se apresentam de maneira muito mais pronunciada nos espumantes produzidos pelo Método Asti.
Harmonização do espumante Moscatel
Uma bebida doce, aromática e pouco alcoólica. Assim é o espumante Moscatel. Com características tão marcantes, como fazer uma harmonização perfeita?
De maneira geral, ele pode ser servido como entrada, acompanhando queijos de sabor suave ou saladas frescas. Outra opção é deixá-lo como acompanhamento para a hora da sobremesa, especialmente se esta não for muito doce.
O espumante Moscatel também harmoniza perfeitamente com frutas brancas, como melão, pera e abacaxi. E uma dica de ouro: por não serem vinhos de guarda, é muito importante que sejam consumidos jovens e bem gelados (entre 4 e 6 ºC).
Agora que você já sabe tudo sobre como o espumante Moscatel é produzido, basta escolher um rótulo de sua preferência e saboreá-lo da forma que mais lhe apetecer. Tim-tim!