Inserido em 08/09/2020
A Pinot Noir existe na região da Borgonha desde o primeiro século depois de Cristo.
Quando falamos em vinhos tintos, é comum que se pense em bebidas intensas e de coloração escura, com paladar tânico e encorpado. No entanto, essa não é uma regra, e alguns tipos podem destoar dessa definição.
A uva Pinot Noir, por exemplo, é conhecida como “a mais branca das uvas tintas”, justamente por ter características mais leves quando comparada às suas similares de casca escura.
Neste guia de uvas, vamos desvendar sua história, suas principais características sensoriais e dar algumas sugestões de pratos para harmonização. Continue a leitura e confira conosco!
Origem
A Pinot Noir está diretamente ligada à região francesa da Borgonha. De acordo com alguns pesquisadores, ela existe nesse território desde o primeiro século depois de Cristo, e pode ter sido levada por outros povos, como os romanos ou os bárbaros. Na época, era chamada por outros nomes, como Pineau de Bourgoyne, Franc Pineau e Pynos.
Segundo o historiador John Winthrop Haeger, em seu livro North American Pinot Noir, foi apenas por volta de 1375 que a uva foi citada em um documento oficial, já como Pinot Noir, nome que assumiria dali por diante. O autor era Filipe II, o Audaz, duque da Borgonha, que recebeu cerca de 11 barris do vinho como presente de casamento.
Graças à sua ótima reputação, a uva se espalhou nos séculos seguintes por outras regiões da França, como Champagne, Loire, Alsácia, e até para regiões da Alemanha, onde ganhou o nome de Spätburgunder.
Já no século 19, graças a imigrantes e produtores de vinho de outros países, a Pinot Noir chegou ao Novo Mundo. Os principais países produtores fora da França são África do Sul, Estados Unidos, Chile e Nova Zelândia.
O DNA da Pinot Noir
Muito se especulou a respeito das origens e do DNA da Pinot Noir, justamente por tratar-se de uma variação tão antiga. A pesquisadora viticulturista Carole Meredith, da Universidade de Califórnia, descobriu por meio de testes genéticos que a uva é uma parente próxima de outras cepas, como Chardonnay e Aligoté.
Sua linhagem, porém, não parou por aí. A Pinot Noir também originou muitas outras uvas viníferas, como Pinot Meunier (também conhecida na Alemanha como Schwarzriesling), Pinot Grigio e Pinot Blanc.
Outra famosa uva derivada é a Pinotage. Ela foi criada pelo professor Abraham Izak Perold, na África do Sul, por meio de um cruzamento genético em laboratório entre a Pinot Noir e a Hermitage.
Características
Quem vê as uvas Pinot Noir pode se enganar por sua aparência roxa azulada escura, similar a outras cepas tintas. Entretanto, essa intensidade não aparece em taça, já que seus vinhos têm uma coloração rubi pálida e geralmente são bastante translúcidos.
As bebidas feitas com a Pinot Noir diferem de boa parte das uvas tintas mais clássicas, como Cabernet Sauvignon e Merlot. Apresentam corpo de leve a médio, baixa concentração de taninos e acidez entre média e alta, dependendo do rótulo.
No que se refere aos aromas, são um show à parte. Entregam desde frutas vermelhas frescas, como cerejas e framboesas, a especiarias, como cravo e baunilha, e outras notas, como flores, folhas, tabaco e caramelo.
Quando passam por envelhecimento por barrica, também podem aparecer aromas mais rústicos, como de cogumelos, couro e solo.
Harmonização do Pinot Noir
Mas afinal, se é tão diferente dos demais vinhos tintos, Pinot Noir harmoniza com o quê? Na verdade, os rótulos feitos com essa uva são bastante versáteis quando se trata de combiná-los com alimentos, e podem acompanhar diversos tipos de pratos.
Gosta de carne bovina? Os Pinot Noirs harmonizam bem com medalhões de filé mignon. Prefere outros tipos de carne? Cortes suínos sem muita gordura, aves de caça, como pato e codorna, e frango assado são outras opções que podem servir como acompanhamento.
Também há algumas variações: os Pinots mais frutados e frescos vão muito bem com carnes curadas de charcutaria, os mais adocicados podem acompanhar bem peixes de sabor intenso, como salmão e atum selados, e os mais encorpados e potentes são perfeitos para harmonizar com carré de cordeiro.
Outros pratos franceses que correspondem bem são o boeuf bourguignon e o coq au vin. Típicos da Borgonha, levam esse tipo de vinho entre os ingredientes.
Se você não consome carne, não se preocupe. O Pinot Noir também harmoniza muito bem com risotos de cogumelos, vegetais assados e pizza com queijo.
E por falar nisso, esses vinhos combinam com os tipos de pasta mole, como os queijos de cabra, brie e camembert. Os rótulos mais encorpados também devem harmonizar com queijos azuis, como gorgonzola e roquefort.
Carnes:carnes bovinas e suínas sem gordura, frango e aves grelhadas, cordeiro
Pratos: boeuf bourguignon e coq au vin
Queijos: queijos de cabra, brie e camembert; gorgonzola e roquefort
Pratos vegetarianos: risotos de cogumelos, vegetais assados e pizza com queijo
A uva Pinot Noir está entre as preferidas de muitos apreciadores de vinhos. Sua tradição milenar, juntamente com sua complexidade aromática e versatilidade na hora de harmonizar, são características cativantes e que tornam essa variedade uma das mais cultivadas e admiradas pelo mundo.