Inserido em 10/12/2018
Para fazer a harmonização perfeita deve-se levar em conta a preparação, molho e tempero
O Brasil tem uma enorme costa oceânica, são mais de 8 mil quilômetros que se estendem de norte a sul, em mares de águas quentes e frias, garantindo uma variedade de frutos do mar imensa, em preparações não somente regionais, mas também nas tradições francesa, italiana, japonesa e espanhola.
Dessa forma, combinar peixes e crustáceos com vinhos é um desafio divertido, que pode ser vencido se deixarmos de lado as caipirinhas e a cerveja e abraçarmos os belos espumantes, rosés e brancos disponíveis no mercado.
BASE E COBERTURA
Um dos grandes desafios da harmonização é fazer com que tanto a comida quanto a bebida sejam valorizadas, assim é essencial considerar não apenas o peixe ou crustáceo que será comido, mas principalmente a sua preparação, seu tempero e seu molho, pois muitos frutos do mar têm sabor delicado e sutil e é a preparação que lhes diferencia.
É assim que aquela velha premissa de "peixe com vinho branco" é abalada, principalmente por quem realmente quer experimentar a riqueza dos animais do mar acompanhadas dos frutos fermentados da videira.
A regra "peixe com vinho branco" é sempre uma boa pedida, mas vinhos rosés também podem combinar
A sommeliére Eliana Araújo, que trabalha também em Trancoso, na Bahia, dá algumas dicas diretamente da areia da praia: "O frescor dos espumantes é uma boa saída quando aparecem em nossa culinária do norte e nordeste as especiarias, as pimentas, o dendê e o leite de coco", e acrescenta que, nesses pratos, o cozimento reforça os temperos, portanto a acidez dos espumantes pode valorizar essas receitas tão intensas, permitindo ao paladar que fique limpo para a próxima garfada.
Mas, para a moqueca de peixe, especificamente, uma boa combinação são os vinhos brancos secos, pouco alcoólicos, de países frios, como a Nova Zelândia, o Chile e o Uruguai: "Sauvignon Blanc, Riesling e Chenin Blanc desses países serão bons para enfrentar a untuosidade de todos os ingredientes fortes e intensos como dendê, coentro, coco, pimentão, alho, cebola, nesse grande caldeirão de sabores e aromas", completa Eliana.
Nas técnicas de harmonização existem algumas poucas regras de ouro, principalmente quando ingredientes de difícil combinação estão em primeiro plano. Um bom exemplo disso são os peixes delicados preparados com alcaparras ou azeitonas; eles pedem um vinho muito específico, o espanhol fortificado Jerez, o vinho ideal para pratos em que o sal se sobrepõe a tudo.